O reino da Dinamarca, sob várias formas, tem mantido
possessões extraterritoriais desde o século XIII, quando dominava certas
regiões da atual Estônia (o denominado Ducado da Estônia – 1219 –
1346), chegando ao final somente em 1979, com a declaração de
autogoverno da Groenlândia, ainda associada à sua antiga metrópole, mas
desde então, um território com uma considerável autonomia.
Terminado o domínio sobre a Estônia, a Dinamarca só voltará a
constituir um império ultramarino a partir da união pessoal com a
Noruega em 1536. A nova entidade surgida, o reino da Dinamarca-Noruega,
passará a administrar conjuntamente as colônias que pertenciam antes
somente à Noruega (Groenlândia, Ilhas Faroe e Islândia), e, pouco
depois, em meio às descobertas realizadas através das grandes
navegações, Dinamarca-Noruega entrará também na disputada corrida pelo
estabelecimento de colônias nas regiões tropicais, estabelecendo
possessões na África, no Caribe e em diversas partes da Índia.
Após as guerras napoleônicas, a Noruega será cedida à Suécia, em meio
ao rearranjo que buscava uma restauração do status-quo europeu anterior
à Revolução Francesa.
Caberá à Dinamarca, por meio do Tratado de Kiel, administrar os
territórios ultramarinos até então pertencentes à união
Dinamarca-Noruega.
Na Índia, o principal estabelecimento dinamarquês foi sem dúvida,
durante toda a sua presença, o entreposto de Tranquebar, localizado ao
sul da península indiana, formado a partir de 1620. O Império Britânico,
porém, com maiores interesses e infraestrutura concentrados na
empreitada de colonização da Índia, trata de desmantelar comércio
dinamarquês na área, acabando por extinguir a Compania Dinamarquesa das
Índias Orientais, em 1777. Por volta da mesma época, os britânicos
tratariam de tomar ou adquirir quase todas as possessões dinamarquesas,
restando apenas Serampore, vendida em 1839, Tranquebar, vendida em 1845 e
as Ilhas Nicobar, vendidas em 1869, e que atualmente, junto às Ilhas
Andaman (também tomadas à Dinamarca, só que um século antes) formam um
território da União Indiana.
Na África Ocidental, onde hoje atualmente está a República de Gana, A
Compania Dinamarquesa das Índias Ocidentais administrava os territórios
conhecidos como Costa do Ouro Dinamarquesa, ou Guiné Dinamarquesa. No
início do século XIX a Coroa Dinamarquesa irá tomar o controle da
colônia, mas, devido aos problemas encontrados para administrá-la e
também a oposição dos ashantis, povo local, o país acaba por vender seus
entrepostos aos britânicos em 1850, e logo depois, o restante da Costa
do Ouro, pertencente aos Países Baixos, será cedido também aos
britânicos, para formar o atual território de Gana.
Com a liquidação das possessões dinamarquesas na Ásia e na África, o
país entra no século XX contando com um império diminuto. Seus domínios
agora se limitam a Groenlândia, Islândia, Ilhas Faroe, todas localizada
próximo ao ártico, além das Índias Ocidentais Dinamarquesas (St. Thomas,
St. John e St. Croix) no Mar do Caribe. Formada em 1754, a colônia
termina por ser vendida aos Estados Unidos em 1917, por 25 milhões de
dólares, constituindo as atuais Ilhas Virgens Americanas.
A Islândia, cujo movimento independentista existia desde 1814,
consegue em 1918 o reconhecimento de uma união pessoal com o Reino da
Dinamarca, semelhante ao que acontecia com Dinamarca-Noruega. Com o
advento da Segunda Guerra Mundial,
Islândia e Dinamarca declaram neutralidade, que é ignorada pela
Alemanha, que termina por invadir a Dinamarca. Assim, em 17 de junho de
1944, por meio de um plebiscito, a Islândia torna-se uma república
independente, permanecendo assim até hoje.
Após a guerra, ao reconquistar sua independência, a Dinamarca conta
apenas com as Ilhas Faroe e a Groenlândia. Desinteressada da manutenção
de territórios ultramarinos, o país irá conceder o auto-governo (um alto
grau de independência, com alguns laços ainda mantidos) às Ilhas Faroe
em 1948 e à Groenlândia em 1979. Os dois territórios permanecem assim,
ligados à Dinamarca, mas a um pequeno passo da independência plena.
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