Paulistano nascido no dia 27 de janeiro de 1937, João Antônio Ferreira Filho,
além de jornalista, é considerado um intérprete do submundo e um bom
malandro da escrita e da literatura. Sua línguagem rápida, suas frases
curtas, lhe deram o título de criação do conto reportagem. Suas obras
retratam pessoas marginalizadas, o proletariado, prostitutas e as
figuras da periferia das grandes metrópoles.
De
origem humilde, veio de uma família de comerciantes suburbanos de São
Paulo. Teve que aceitar diversos sub-empregos antes de ficar famoso com o
lançamento de seu mais lido livro de contos,
“Malagueta, Perus e Bacanaço”, publicado em 1963. A obra foi um sucesso
entre os críticos e o povão, que via sua cara descrita nas páginas do
livro, mas o interessante sobre esta obra é a maneira como foi feita.
Em 1960 o livro teve os originais queimados em um incêndio ocorrido
na casa da família de João Antonio. O escritor e sua família perderam
quase tudo, mas, crente de que precisava de dinheiro, João isolou-se
dentro da Biblioteca Municipal Mário de Andrade e reescreveu todo o
livro de cabeça.
Com o sucesso de “Malagueta, Perus e Bacanaço”, João tornou-se jornalista e trabalhou no Jornal do Brasil.
Fundou uma das revistas mais importante de sua época, a “Revista
Realidade”, onde publicou o conto-reportagem pioneiro do jornalismo no
Brasil. O nome do conto é “Um Dia no Cais”, retratando o cotidiano dos
trabalhadores do Porto de Santos. Ainda fez parte da equipe da revista
Manchete, trabalhou no O Pasquim e outros órgãos de imprensa que se
opunham à ditadura militar.
Estranhamente, nos últimos anos da década de 60, João muda
radicalmente de vida. Sai do emprego, arrebenta seus cartões de banco,
vende o carro e divorcia-se da mulher e passa a se vestir de forma
simples e despojada. Aparentemente influenciado pela literatura beat, na
qual os autores viajavam e relatavam suas experiências, João rumou por
cidades brasileiras em 1978 e foi para Europa em 1985. Dois anos depois,
após ganhar uma bolsa de estudos, mudou-se para a Alemanha e lá ficou
até 89.
Principais obras:
- 1963: Malagueta, Perus e Bacanaço
- 1975: Leão-de-chácara
- 1975: Malhação do Judas carioca
- 1976: Casa de Loucos
- 1977: Lambões de Caçarola (Trabalhadores do Brasil!)
- 1977: Calvário e Porres do Pingente Afonso Henriques de Lima Barreto
- 1978: Ô Copacabana!
- 1982: Dedo-duro
- 1984: Meninão do caixote (coletânea)
- 1986: Abraçado ao meu rancor
- 1991: Zicartola e que tudo mais vá pro inferno! (Editora Scipione)
- 1992: Guardador
- 1993: Um herói sem paradeiro
- 1996: Patuléia
- 1996: Sete vezes rua (Editora Scipione)
- 1996: Dama do Encantado
Após a morte de João Antônio, em 1996, seu filho cedeu a biblioteca pessoal do pai para o Departamento de Literatura da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Assis-SP.
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