quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Europa no Seculo XIX

A EUROPA NO SÉCULO XIX

Uma época extraordinária - As idéias que marcaram o século XIX
Para uma melhor compreensão dos movimentos literários  da segunda
metade do século XIX são Realismo e Naturalismo, e é importante conhecer as
idéias e teorias que impactaram de modo fundamental as obras dos escritores
da época. Segue abaixo uma análise de três pensadores fundamentais do
período: Charles Darwin, Augusto Comte e Karl Marx.
CHARLES DARWIN
Até o século XVIII, acreditava-se que o homem e todas as espécies existentes
haviam sido criados assim como são e que não tinham sofrido nem poderiam
podiam sofrer nenhuma transformação. Contudo, em1859, o cientista inglês
Charles Darwin, filho de um pastor anglicano, após longas viagens, inclusive
pela América do Sul, observando e refletindo sobre o universo dos seres vivos
deu início a uma profunda revolução na história da ciência ao publicar uma
obra fundamental denominada  Sobre a origem das espécies.
As idéias-chave da teoria de Darwin são as da “luta pela sobrevivência” e a da
“seleção natural”. Assim, a história dos seres vivos nada mais é do que o
resultado de uma guerra entre as várias espécies animais e inclusive entre
indivíduos da mesma espécie. Ao final dessa competição, sobrevivem apenas
os mais fortes e os  mais adaptados ao ambiente, processando-se, portanto,
uma seleção natural através da qual os organismos vitoriosos evoluem de
estruturas simples a outras de maior complexidade orgânica.
A teoria darwinista escandalizou a Europa porque representou um golpe terrível
na concepção religiosa de então, centrada na idéia de que a Bíblia seria um
livro rigorosamente histórico e documental. Naquela época, a grande maioria
das pessoas acreditava que a humanidade começara com Adão e Eva, Noé
vagara numa arca pela terra inundada, Jonas sobrevivera três dias no ventre
de uma grande baleia, e o mundo, desde a criação divina, não alcançara ainda
sessenta séculos, etc.
As idéias de Darwin abalaram profundamente as concepções religiosas e
filosóficas então vigentes. De repente, o homem já não era mais o centro da
criação. Ele descendia de ancestrais primitivos e animalescos, e assim
passava a ser visto apenas como uma estrutura orgânica tornada mais apta
pelo acaso, pelo ambiente e pela luta da sobrevivência.
AUGUSTO COMTE
A evolução natural deveria ter uma correspondência na evolução da sociedade.
Vários pensadores rejeitaram a miséria e os horrores das duas revoluções
industriais. A indignação moral os levou à criação de utopias, isto é, de
sociedades imaginárias, projetadas no futuro, onde a exploração econômica e
as diferenças sociais seriam destruídas ou reduzidas significativamente.
Augusto Comte acreditava que a vida social pode ser analisada através de um modelo científico. Ele foi o criador da Sociologia. Sua interpretação da história
da humanidade levou-o a considerá-la como um processo permanente de
melhoria, passando por estágios inferiores (fase teológica e fase metafísica)
até alcançar um patamar superior (fase positiva). Por isto foi denominada
Positivismo a doutrina que Comte elaborou entre 1830 a 1854, com ênfase
especial no conhecimento propiciado pela observação científica da realidade.
Este conhecimento tornaria possível o estabelecimento de leis universais para
o progresso da sociedade e dos indivíduos.
Comte, porém, abominava tanto a revolução quanto a democracia, vendo nelas
apenas o caos e a anarquia. Para ele o “a ordem era a base do progresso
social”. Seu modelo positivista de regime é o republicano, mas estruturado sob
a forma de uma “ditadura científica”. Homens esclarecidos e da máxima
honestidade – verdadeiros sacerdotes do saber (tecnocratas, diríamos hoje) –
aconselhariam os ditadores ilustrados e, de certa forma, comandariam as
ações do Estado para integrar os mais pobres ao universo social. Entre os
postulados positivistas figuram a separação entre o poder religioso e o poder
civil, a universalização do ensino primário e a proteção ao proletariado.
As idéias de Comte tiveram enorme repercussão no Brasil. Forneceram aos
republicanos sul-rio-grandenses e aos jovens oficiais do Exército uma ideologia
de mudança sem o risco da desordem. De certa maneira, estas idéias
sedimentaram uma linha reformista autoritária iniciada no Rio Grande do Sul,
com o governo de Júlio de Castilhos (1893-1900), e continuada pelo Estado
Novo (1937-1945) e pelo regime militar (1964-1984).
KARL MARX (1818-1883)
Karl Marx, filósofo e economista judeu-alemão, foi um dos maiores pensadores
revolucionários do século XIX. Suas idéias, no entanto, só alcançaram grande
ressonância no século XX, após a revolução que criou a União Soviética. Para
ele, as lutas sociais decorriam da revolução industrial na Europa e do conflito
entre o burguês e o proletário. A história da humanidade sempre fora marcada
pela luta de classes cuja intensidade variava com o tempo. Na Antigüidade
clássica, por exemplo, ela se dava pelo permanente confronto entre os
senhores e os escravos. Já na Idade Média, o conflito entre as classes
evidenciava-se no esforço dos servos e dos vilãos para se emanciparem do
domínio que os senhores feudais exerciam sobre eles.
Marx tinha uma visão otimista do destino da humanidade. Acreditava que a
batalha final, travada entre os capitalistas e os operários, seguramente levaria
à vitória desses últimos, que representavam a maioria da sociedade. A partir de
então se constituiria um mundo ideal onde todas as diferenças de classe
desapareceriam e o império da igualdade entre os homens finalmente
triunfaria. Com essa revolução social, escreveu ele ao encerrar  O manifesto
comunista, em 1848, “os proletários nada têm nada a perder a não ser seus
grilhões. E têm um mundo a ganhar.”
Como cientista social, a maior contribuição de Karl Marx foi seu estudo sobre o
funcionamento da sociedade capitalista, cujo primeiro volume, intitulado O capital, surgiu em 1867, o único publicado em vida. Iniciando pela análise da
produção das mercadorias, Marx realiza uma impressionante descrição do
sistema capitalista, sua evolução e suas transformações. Segundo ele, o
capitalismo era um sistema historicamente datado e, portanto, sujeito a
desaparecer no tempo. Sua existência, tal como sucedera com o escravismo e
o feudalismo, chegariam ao fim com uma grande crise, uma espécie de
catástrofe geral da economia e das instituições. A previsão de Marx era a de
que a falência do capitalismo ocorreria nos países mais industrializados da
Europa. Paradoxalmente, a concepção marxista veio a triunfar na Rússia e na
China, países rurais e atrasados.
As Jornadas Revolucionárias das décadas de 30 e 40 do século XIX
O processo das revoluções liberais iniciado com a Revolução Americana
de 1776 havia atingido o ponto máximo com a Revolução Francesa de 1789,
seguido do Congresso de Berlim e da Santa Aliança, com seu movimento
contra-revolucionário e conservador, conduzido pelas principais potências
monarquistas européias: Áustria, Prússia e Rússia.
A onda revolucionária ressurgiu em 1830 na França e se difundiu pela
Europa. Em 1848, o movimento também teria caráter liberal e burguês, mas
traria novo elemento: a participação do proletariado industrial, com tendências
socialistas. O socialismo deixaria de ser a proposta de uma sociedade utópica
e igualitária; teria aspectos científicos, pois o socialismo democrático procuraria
destruir as raízes da desigualdade entre os  homens e buscaria a criação de
uma nova sociedade.
O Caso Francês; 1830
Após a queda de Napoleão e a restauração dos Bourbon em 1815, na
pessoa de Luís XVIII, monarquistas ultra-realistas passaram a conduzir a
política interna da França. Eles instauraram o Terror Branco, perseguindo
bonapartistas e revolucionários.
A Carta Constitucional outorgada por Luís XVIII tentava conciliar o
princípio do Antigo Regime com as conquistas essenciais da Revolução.
Garantia liberdade de pensamento, culto e imprensa; igualdade perante a lei; e
inviolabilidade dos bens nacionais. Respeitava a separação entre poderes,
reservando ao rei o Executivo. Consagrava o regime eleitoral censitário, isto é,
o eleitor devia ser contribuinte e pagar impostos delimitados por idade (30
anos, 300 francos; 40 anos, 1000 francos), de forma que o eleitorado se
compunha de apenas 90 000 franceses.
Havia três tendências dominantes entre os partidos: os ultra-realistas,
em sua maioria emigrados que haviam deixado o país em 1789 e buscavam
recuperar os privilégios perdidos, liderados pelo irmão do rei, Conde de Artois;
os liberais ou independentes  de  coligação heterogênea, com republicanos e
bonapartistas, que queriam preservar as conquistas revolucionárias, liderados por La Fayette; e os constitucionalistas, de centro, que pretendiam a aplicação
estrita da Carta liderada por Guizot.
Morto Luís XIII em 1824, seu irmão subiu ao trono como Carlos X. Os
ultra-realistas dominaram seu governo. Uma lei previa a indenização dos
nobres confiscados; outra punia com a morte a profanação das igrejas. No
plano externo, iniciou-se em 1830 a conquista da Argélia, a fim de fortalecer o
prestígio do rei.
As eleições de 1830 deram maioria à oposição liberal na Câmara e
Carlos X mostrou vocação absolutista com um ato de força. B afixou as quatro
ordenações suprimiu a liberdade de imprensa, aumentou o censo eleitoral,
dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. A resistência dos jornalistas
deu início à revolução que se desenrolou nos três dias gloriosos:
27 de julho – Os jornais desrespeitam a interdição e barricadas aparecem no
centro de Paris.
28 de julho – Tropas reais tentam a ofensiva e são repelidas.
29 de julho – Os revoltosos tomam a capital, as Tulherias e obrigam Carlos X
a fugir.
Os republicanos não tinham número para mudar o regime, apesar do apoio
popular em Paris. A burguesia preferia uma monarquia constitucional à
república democrática. Os realistas liberais Thiers e Lafitte, aconselhados por
Talleyrand, deram a coroa ao Duque de Orléans, Luís Filipe. Começava a
monarquia de julho.
A Revolução de 1830 repercutiu por toda a Europa. A Bélgica, apoiada
pela Inglaterra, libertou-se da Holanda, à qual estava submetida desde o
Congresso de Viena. Na Polônia, os russos tiveram de abafar uma revolta
nacionalista. Na Itália, a sociedade secreta Carbonária promoveu agitações
liberais que resultaram numa Constituição imposta ao rei das Duas Sicílias.
Agitações semelhantes ocorreram em Portugal e Espanha. Na Alemanha,
houve movimentos liberais constitucionalistas.
Um pouco antes, em 1829, a Grécia havia se libertado da dominação
turca. E lembremos que, até 1825, tinham sido vitoriosos todos os movimentos
de independência na América Latina.
Antecedentes das jornadas de 1848
De modo geral, as revoluções de 1848 se devem a três fatores:
_ o liberalismo, contrário às limitações impostas pela monarquia absoluta;
_ o nacionalismo, que procurou unir politicamente os povos de mesma origem
e cultura; _ o  socialismo, força nova, surgida nos movimentos de 1830, que pregava a
igualdade social e econômica mediante reformas radicais.
Fatores mais imediatos podem ser mencionados. Entre 1846 e 1848, a Europa
teve péssimas colheitas. A situação da pobreza piorou. A indústria entrou em
crise e chegou à superprodução. O empobrecimento dos camponeses
provocou a queda no consumo de tecidos. As fábricas pararam e dispensaram
operários. Salários foram reduzidos enquanto os preços dos alimentos
dispararam. Os Estados precisaram empregar recursos na compra de trigo; as
atividades das grandes indústrias e a construção de estradas de ferro ficaram
paralisadas. Estagnação geral.
A crise variava: na Itália e Irlanda, agrária; na Inglaterra, França e
Alemanha, industrial.
Camponeses e proletários reclamavam maior igualdade de recursos.
Faziam reivindicações, no fundo, socialistas. Mas não havia um partido que
pudessem seguir. A oposição ao governo coube aos liberais e nacionalistas
(burgueses esclarecidos). Sem orientação própria; a massa apoiou estes
homens.
As barricadas na França
O regime instituído por Luís Filipe na monarquia de julho apoiava-se na
burguesia. O governo tratou de ampliar o direito de voto, retomar a política de
liberdade de imprensa e dar mais força à Guarda Nacional, organização
paramilitar que dava sustentáculo à burguesia. Os oposicionistas eram;
_ os legitimistas, partidários dó deposto Carlos X;
_ os bonapartistas, que estavam próximos de Luís Bonaparte, sobrinho de
Napoleão;
_ os republicanos, radicais, contrários ao regime monárquico.
Os situacionistas, também chamados orleanistas, dividiam-se em duas
tendências:
_ partido do movimento, que pretendia tornar o regime mais liberal;
_ partido da resistência, conservador, onde se destacava Guizot.
Até 1836, houve numerosas manifestações de instabilidade do regime:
agitações republicanas, legitimistas, bonapartistas e, acima de tudo, agitações
sociais. Em 1834, os operários de Lyon se rebelaram e as tendências
republicanas ganharam ainda mais adeptos.
Em 1848, a oposição ficou forte, ajudada pela crise econômica. O
partido socialista propunha reformas radicais e expunha suas idéias em
banquetes. No dia 22 de fevereiro, eclodiu a revolta, quando o ministro Guizot proibiu um banquete em Paris. No dia seguinte, manifestantes enfrentaram as
tropas; a multidão carregou pelas ruas os 16 mortos resultantes durante toda a
noite. No dia 24, Paris estava coberta de barricadas e o rei, abandonado pela
Guarda Nacional, abdicou. O governo provisório de burgueses liberais e
socialistas proclamou a II República da França.
Em 23 de abril, realizou-se a primeira eleição na Europa com voto
universal e masculino, direto e secreto.
A crise havia se agravado. Para dar trabalho aos desempregados, o
governo criou as Oficinas Nacionais, empresas dirigidas e sustentadas  pelo
Estado; e elevou os impostos para pagar os salários. A crise aumentou. As
Oficinas fecharam.
De novo na rua, o proletariado tentou fazer uma revolução dentro da
revolução. A Assembléia deu então poderes excepcionais ao general
Cavaignac, que agiu com violência. Morreram 16 000 revoltosos e foram
expulsos do país outros 4 000. A burguesia resolveu a questão operária de
acordo com seus interesses. Nova Constituição ficou pronta em novembro. O
presidente seria eleito por quatro anos. O primeiro presidente eleito, Luís
Napoleão, deu um golpe em 1851 e implantou o II Império, tomando o título de
Napoleão III em dezembro de 1852.
Caso Italiano: fracasso – Unificação da Itália
Em 1848, a Itália estava dividida em vários Estados de governo
absoluto. Sociedades secretas, como a Carbonária, criticavam o regime;
queriam reformas liberais e a unificação dos Estados. Para isto era preciso
expulsar os austríacos, que controlavam a Itália desde o Congresso de Viena.
Em janeiro, o Reino das Duas Sicílias revoltou-se e impôs uma
Constituição a Fernando II. Revoltas semelhantes ocorreram na Toscana e no
Estado papal. Na Lombardia iniciou-se séria oposição aos austríacos, contra
quem o rei de Piemonte, Carlos Alberto, acabou declarando guerra.
O exército austríaco forçou Carlos Alberto a abdicar em favor do filho,
Vitor Emanuel II. E sufocou a revolta com violência por toda parte. A tentativa
de revolução liberal-nacionalista dos italianos fracassou.
Caso Alemão: divisão e derrota – Unificação da Alemanha
Depois  do Congresso de Viena, os Estados alemães passaram a constituir
uma confederação, cujos membros mais importantes eram Prússia e Áustria.
Uma assembléia que se reunia em Frankfurt coordenava a política externa.
Para maior integração dos Estados, criou-se o Zollverein, liga aduaneira que
estimulou o desenvolvimento industrial. O nacionalismo germânico
desabrochou; e se expressou no desejo de independência e união política. Em março de 1848, tropas reprimiram grande manifestação popular diante do
palácio de Frederico Guilherme, da Prússia. Mas o movimento se alastrou.
Vários Estados juntaram-se aos revoltosos. O rei teve de prometer uma
Constituição ao povo. Um Parlamento se reuniu em Frankfurt para preparar os
trabalhos, a serem iniciados em maio. Os príncipes alemães se aproveitaram
da divisão entre os revoltosos e retomaram o poder. Em novembro, o exército
ocupou Berlim e° dissolveu a Constituinte. Assim, o movimento liberal foi
abafado.
A Assembléia de Frankfurt elegeu imperador o rei da Prússia, mas Frederico
Guilherme recusou o título por considerar-se rei por vontade de Deus. Mesmo
assim, propôs aos príncipes alemães a criação de um império. Em 1850, a
Áustria obrigou a Prússia a desistir deste projeto, como de qualquer mudança
na ordem existente.
Áustria: perseguições
O Império Austríaco dos Habsburgo era formado por povos bem
diferentes: alemães, húngaros, tchecos, eslovacos, poloneses, romenos,
rutenos, sérvios, croatas, eslovenos e italianos. Conscientes de sua
individualidade eram os húngaros, que gozavam de certa autonomia, e os
tchecos.
Os alemães se mostravam descontentes. Burgueses, estudantes e
trabalhadores se uniram para forçar a queda de Metternich e a convocação de
uma assembléia constituinte. Os eslavos seguiram o exemplo. Convocaram
para Praga uma reunião de eslavos, dissolvida militarmente.
A capital do Império, Viena, foi bombardeada e tomada por um governo
absoluto, que implantou um regime de perseguições políticas.
Surge o Socialismo – A Classe Operária ingressa no cenário político
         A burguesia seguia apegada às doutrinas liberais, hostil a qualquer
intervenção do Estado na economia, como ensinava Adam Smith. Mas o
espetáculo das crises e da miséria dos trabalhadores estimulava pensadores a
buscar remédio para tantos males e a procurar nova organização para a
sociedade. Tentavam descobrir as causas das injustiças sociais e meios para
solucioná-las. Dessas reflexões nasceram as doutrinas socialistas.
Antes mesmo da Revolução Industrial do século XVIII, pensadores já
haviam imaginado sociedades nas quais todos vivessem de seu trabalho, sem
ricos nem pobres, privilegiados nem injustiçados. O inglês Thomas Morus,
autor de  Utopia (1516), escreveu que a causa da injustiça social era a
existência da propriedade individual. O título de sua obra passou a designar
toda teoria que pregasse a igualdade social sem apontar o caminho para se
chegar lá.         Na Revolução Inglesa do século XVII, os escavadores tentaram certa
socialização, na medida em que procuraram tornar igual o acesso à
propriedade.
No século XVIII, Robert Owen, rico proprietário e industrial inglês, criou
uma comunidade socialista na Escócia e outra nos Estados Unidos.
Não havia dinheiro; as pessoas recebiam vales correspondentes ao número de
horas trabalhadas e trocavam por produtos produzidos por elas mesmas.
Na Revolução Francesa, Graco Babeuf pregou a formação de uma
república que desse a todos os mesmos direitos.
As revoluções do século XIX favoreceram o surgimento dos A forma de atingir
o socialismo variava: pela assistência do Estado (Saint-Simon); pelas
associações dos trabalhadores (Owen, Fourier e Louis Blanc); pela ação
revolucionária (Blanki e mais tarde Bakunin); pela anarquia (Proudhon).
O mais célebre teórico do socialismo e um dos maiores pensadores j á
produzidos pela humanidade foi o alemão Karl Marx (1818-1883). Esteve na
França e fixou-se na Inglaterra, onde testemunhou as transformações sociais
decorrentes da Revolução Industrial. Em cooperação com o amigo Friedrich
Engels, às vésperas da Revolução de 1848 na França, publicou o  Manifesto
Comunista. Nele e na obra O Capital, fixou os princípios de uma doutrina
fundamentada na análise histórica das sociedades humanas.
Para Marx, as bases econômicas e a luta de classes são o motor da
História. O triunfo do proletariado e o surgimento de uma sociedade sem
classes seriam inevitáveis; e estes objetivos seriam alcançados pela união do
proletariado. Com tais formulações, criou  o socialismo científico, que se
sobrepôs ao socialismo utópico.
Os socialistas tomaram parte nos movimentos de 1848 e, com a vitória
da burguesia, dividiramse em: socialistas reformistas, que acreditavam na
obtenção da igualdade social sem necessidade de uma revolução; e
anarquistas, que pregavam a destruição completa do Estado.
O primeiro partido socialista da História surgiu em 1860, na Alemanha.
Em 1864, a fim de conjugar esforços de todos os partidos socialistas e
organizar a tomada do poder pelo proletariado de todo o mundo, realizou-se
em Paris a Primeira Internacional dos Trabalhadores. A consciência proletária
tomou corpo, e os trabalhadores dos países mais adiantados da Europa
passaram a lutar pelo poder por meios reformistas, anárquicos ou
revolucionários.A Teoria Social Católica
A Igreja Católica não ficou à margem do movimento social. O abade
francês Robert de Lamennais defendeu uma Igreja mais liberal, separada do
Estado. Atraiu muitos adeptos, especialmente da burguesia, amedrontada com
o avanço dos socialistas. A doutrina social da Igreja avançou; com isso,
pretendia atingir a justiça social através da solidariedade cristã. A encíclica
Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, foi a mais alta expressão da
preocupação com as questões sociais. Na mesma linha destacaram-se: Pio XI,
com Quadragesimo Anno (1931); João XXIII, com Mater et Magistra (1961) e
Paulo VI, com Populorum Progressio (1965).

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