quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Napoleão e o Congresso de Viena

Introdução

 As sociedades européias viveram um período de grande intranqüilidade durante o processo revolucionário da França. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais (jacobinos). De outro lado, as monarquias tradicionais européias, temendo o avanço dos ideais revolucionários em seu país, aliaram-se para lutar contra o expansionismo francês.
   O golpe de Estado de 18 de Brumário (10 de novembro de 1799) marcou o final do processo revolucionário na França e o início de um novo período: a Era Napoleônica.
   Após derrubar o governo do Diretório, Napoleão Bonaparte tornou-se a figura relevante na vida política mundial, governando a França por aproximadamente 15 anos. Sua carreira militar e política levou-o ao comando do processo que resultou na conquista de boa parte da Europa pelas forças francesas.
   Segundo os biólogos de Napoleão, o sucesso de sua carreira militar deveu-se a sua habilidade como estrategista, seu espírito de liderança e seu talento para empolgar os soldados com promessas de glória e riqueza após cada vitória.
   O governo de Napoleão pode ser periodizado em:
§         Consulado – de 1799 a 1804
§         Império – de 1804 a 1814
§         ‘Governo dos cem dias’ – em 1815
Escrito por Bru, Mila, Dani, Dany, Su, Pat às 21h44
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Consulado

   Derrubado o Diretório, instalou-se o governo do diretório, republicano, centralizado e controlado por militares. Três cônsules chefiavam o poder Executivo: Napoleão, Roger Ducos e Sieyés. Porém, quem efetivamente governava era Napoleão, eleito primeiro-cônsul da República. O centralismo de seu poder era disfarçado por instituições de cunho democrático criadas pela nova Constituição, votada em dezembro de 1799: Senado, Tribunal, Corpo Legislativo e Conselho de Estado. Mas era o primeiro-cônsul quem comandava o exército, nomeava os membros da administração, propunha as leis e conduzia a política externa.
   Durante o governo do consulado, a alta burguesia (os grandes financistas, industriais e comerciantes) consolidou-se  como grupo dirigente da França. Os projetos de emancipação dos setores populares, inspirados nos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade da Revolução Francesa, foram sufocados. Por meio de uma severa censura à imprensa e da ação violenta dos órgãos policiais, as oposições ao governo foram aniquiladas.

Recuperação e reorganização francesas

   O período do consulado caracterizou-se pela recuperação econômica e pela reorganização jurídica e administrativa na França. Napoleão dirigiu, nessa fase, realizações em vários setores da vida econômica, política e social do país:
  • Administração: centralização administrativa;
  • Economia: criação do Banco da França (1800), com tarifas protecionistas e estímulo à produção e ao consumo interno, fortaleceram-se o comércio e a indústria;
  • Educação: passou a ter como principal missão o desenvolvimento do cidadão francês, no comportamento moral político e social;
  • Direito: elaboração do Código Civil (concluído em 1804), ou Código Napoleônico, que ,em grande parte atendia aos interesses da burguesia, como igualdade de todos perante a lei, respeito à propriedade privada e matrimônio separado do religioso;
  • Igreja: elaboração da Concordata (1801), um acordo entre a Igreja Católica e o Estado com objetivo de fazer da religião um instrumento de poder político.

   Todas essas medidas davam a impressão de que as relações internas e externas do governo francês estavam se estabilizando, após uma década de conflitos generalizados.
   Os resultados obtidos durante o governo de Napoleão entusiasmavam as elites francesas. Apoiado por elas, Napoleão foi proclamado cônsul vitalício em 1802, tendo o direito de indicar seu sucessor. Na prática, essa medida significou a instituição de um regime monárquico.

Império

   Napoleão e o grupo que lhe dava apoio política mobilizaram a opinião pública para a implantação definitiva do império. Em 1804, foi realizado um plebiscito, no qual quase 60% dos votantes confirmaram o restabelecimento do regime monárquico e a indicação de Napoleão para ocupar o trono.
   Em 2 de dezembro daquele mesmo ano, uma festa solene formalizou a coroação de Napoleão I na catedral de Notre Dame.
   No auge da cerimônia, o imperador, num gesto surpreendente, retirou a coroa das mãos do papa Pio VII (que viajara a Paris especialmente para a ocasião) e, ele próprio, se coroou. Com isso, queria demonstrar que não admitia autoridade superior à sua própria. Em seguida, coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.
   Estabelecida a monarquia, Napoleão conferiu títulos de nobreza a seus familiares, nomeando-os para altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com os membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Como símbolo do poder do império, constituíram-se grandes monumentos, como o Arco do Triunfo, inspirado na arquitetura clássica romana.
   Por volta de 1812, o Império Francês atingiu sua máxima extensão, dominando quase toda a Europa Ocidental e boa parte da Oriental. Compreendia cerca de 150 departamentos (que eram como províncias), com uma população de 50 milhões de habitantes – quase um terço da população européia.



Expansão militar

   Como imperador e comandante das forças armadas, Napoleão liderou uma série de guerras para expandir o domínio da França. O exército francês foi fortalecido numericamente em armas e soldados, tornando-se o mais poderoso da Europa.
   Os diplomatas ingleses,  acreditando que o fortalecimento militar e econômico da França representava uma ameaça para a economia de seu país, empenharam-se em formar coligações internacionais contra o novo governo francês e seu expansionismo. Além disso, achava que o exemplo do governo francês poderia influir nos países que viviam sob antigos regimes absolutistas, estimulando rebeliões. A primeira coligação formada para deter o avanço francês reuniu tropas da Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia.
   Em Outubro de 1805, a marinha francesa tentou invadir a Inglaterra, mas foi derrotada. Os ingleses, comandados pelo almirante Nelson, venceram os franceses na Batalha de Trafalgar, que firmou o poderio naval britânico.
   Recuperando-se da derrota marítima, as forças francesas conseguiram sucessivas vitórias terrestres sobre seus inimigos: venceram a Batalha de Austerlitz, em 1805, na Áustria, e outras na Prússia (1806) e Rússia (1807).
Escrito por Bru, Mila, Dani, Dany, Su, Pat às 21h41
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Bloqueio Continental

   Em represália pela derrota militar para os ingleses, o governo napoleônico procurou outros meios para enfraquecer a Inglaterra. Decretou, em 1806, o Bloqueio Continental, pelo qual todos os países do continente europeu teriam de fechar seus portos ao comércio inglês. O objetivo dessa medida era prejudicar a economia inglesa, provocando uma crise na indústria do país. Os produtores franceses seriam beneficiados, pois, sem a concorrência inglesa, podiam ampliar a venda de seus produtos na Europa e no mundo.

Texto complementar – Bloqueio Continental
Invasão de Portugal – Família real foge para o Brasil

   Depois de muita indefinição, o governo português não aderiu ao Bloqueio Continental, cedendo às duras pressões do governo britânico. O país foi então invadido  por tropas francesas.
   A invasão de Portugal obrigou o príncipe-regente D. João e sua família a fugirem às pressas para o Brasil, sua principal colônia, e a sede do governo Português foi transferida para o Rio de Janeiro em 1808.
   Leia a seguir a descrição desse acontecimento, feita pelo historiador José Hermano Saraiva:

  “Acompanharam-nos muitos nobres, muitos comerciantes ricos, os quadros superiores da administração, os juízes dos tribunais superiores, toda a criadagem do paço. No total, eram cerca de 10 mil pessoas, que incluíam a quase-totalidade dos quadros do aparelho estatal. (...) Antes de partir, o príncipe-regente recomendara que o exército francês fosse recebido em boa paz. Parecia uma veleidade qualquer a tentativa de oposição às forças de Napoleão, cujo imenso poder triunfava por toda a Europa. O exército atravessou o país sem encontrar nenhuma resistência, nem organizada, nem popular.”

Reação à política expansionista de Napoleão

   Desde 1810, a política militarista do governo de Napoleão vinha sendo duramente contestada por diversos setores da sociedade francesa. Milhares de pessoas lamentavam a morte de familiares nos campos de batalha. Fora da França, as invasões napoleônicas despertavam a reação nacionalista dos povos conquistados.
   No plano econômico, o Bloqueio Continental à Inglaterra não surtiu o efeito desejado. A indústria francesa não tinha condições de abastecer todos os mercados da Europa. A economia da maior parte dos países sob influência da França era basicamente agrícola, portanto dependente dos produtos industrializados  ingleses. A falta desses produtos estimulava o contrabando com a Inglaterra, e esse mercado paralelo acarretava o aumento dos preços.

O inverno russo e a derrota francesa

         O governo da Rússia aderira ao Bloqueio Continental em 1807, por meio do acordo Paz de Tilsit, assinado com o governo francês. Porém, sendo um país essencialmente agrícola e enfrentando grave crise econômica, viu-se obrigado a abandonar o bloqueio em dezembro de 1810. Possuía grandes estoques de cereais e queria negociá-los com os produtos industriais ingleses.
   Em represália à decisão tomada pelo czar (título dado aos imperadores da Rússia (também aos antigos soberanos sérvios e búlgaros) Alexandre I de abandonar o bloqueio, o governo francês decidiu invadir a Rússia em 1812. Para isso, preparou um exército composto de, aproximadamente, 600 mil homens e 180 mil cavalos.
    Acostumados à grandes vitórias, os generais franceses conduziam seus exércitos pelo imenso território russo, enquanto as tropas czaristas batiam em retirada, ateando fogo às plantações e a tudo o que pudesse ser útil aos invasores. Napoleão e seu exército chegaram à Moscou, ocupando o Kremlin (palácio do czar), mas as tropas francesas, mal alimentadas e desgastadas, começaram a ser vitimadas pelo rigoroso inverno e pela reação do exército russo.
   Diante das adversidades, Napoleão viu-se obrigado a ordenar a uma dramática retirada do exército francês, mas a maioria dos soldados morreu na viagem de volta, sob o rigoroso inverno russo. Segundo alguns historiadores, dos 600 mil soldados que partiram, apenas 40 mil regressaram à capital francesa famintos e esfarrapados.
   A desastrosa campanha militar na Rússia estimulou outros países europeus a reagirem contra a supremacia francesa. Um poderoso exército formado por ingleses, austríacos, russos e prussianos invadiu Paris, em 6 de abril de 1814.
   Derrubado do poder, Napoleão foi enviado à ilha de Elba, no mar Mediterrâneo. O trono francês foi entregue a Luís XVIII, irmão de Luís XVI – último rei francês do Antigo Regime, condenado à guilhotina pelos revolucionários.


Governo dos cem dias

   Em março de 1815, Napoleão Bonaparte conseguiu fugir de Elba e regressar à França, prometendo reformas democráticas. O rei Luís XVIII era popular, e as tropas enviadas para prender Napoleão acabaram unindo-se a ele. Recebido em Paris como herói e sob gritos de “Viva o imperador!”, Napoleão instalou-se no poder, obrigando a família real a fugir. Sua permanência à frente do governo francês, porém durou apenas cem dias.
   A coligação militar internacional rapidamente se reorganizou e marchou contra a França. Napoleão e suas tropas foram definitivamente derrotados na Batalha de Waterloo, em 18 de julho de 1815. Preso pelos ingleses, foi exilado na ilha de Santa Helena, no sul do Oceano Atlântico, onde permaneceu até a morte. No mesmo ano, Luís XVIII foi reconduzido ao trono francês.
   Além da derrota militar, o historiador Carlos Guilherme Mota aponta outros elementos para se compreender o fim do governo napoleônico: As razões internas do esvaziamento da sustentação de Napoleão ligam-se basicamente ao fato de o regime imperial – uma ditadura, em verdade – criar suas próprias oposições. Católicos, liberais, realistas e republicanos começam a ver em Napoleão a negação de seus projetos e aspirações. Fora da França, ele é continuador da Revolução Francesa; mas dentro, é um déspota nem sempre esclarecido. Além disso, o regime, fortemente militarista, negava na prática as eventuais reformas propostas ou aceitas pelo Estado.
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Congresso de Viena

   As conquistas napoleônicas modificaram a divisão política de quase toda a Europa Ocidental e Central.
   Com as primeiras derrotas militares de Napoleão, os dirigentes dos países vencedores organizaram o Congresso de Viena (1814 – 1815), cujo objetivo básico era restabelecer a antiga divisão política do continente europeu.
   O governo francês teve de se submeter a uma série de  imposições, entre elas o pagamento de uma indenização de 700 milhões de francos aos países vencedores, em razão dos prejuízos da guerra.
   Os principais países que participaram do Congresso foram: Áustria, Inglaterra, Rússia, Prússia e França.
   Entre as principais diretrizes aprovadas pelo Congresso de Viena, destacam-se:
§         Restauração -  retorno à situação política européia de 1792, com o objetivo de restabelecer os domínios territoriais antes da Revolução Francesa, o que mostra o caráter conservador do Congresso de Viena
§         Legitimidade -  devolução do governo de cada país aos herdeiros das antigas monarquias absolutistas.
Solidariedade – aliança política entre as monarquias tradicionais européias, com o objetivo de reprimir a onda liberal democrática deflagrada pela Revolução Francesa e ampliada pelas conquistas napoleônicas.



Santa Aliança

   Procurando colocar em prática a política de solidariedade entre as monarquias européias tradicionais e cristãs, o czar russo Alexandre I propôs, em 1815, a criação da Santa Aliança. Sua base política era a aliança entre duas forças tradicionais: o trono e o altar, isto é, a monarquia e a Igreja.
   Os monarcas da Áustria, da Rússia, da Prússia e de algumas outras nações formaram essa organização com o objetivo de se defender mutuamente. Em nome da Santa Aliança, assumiram o direito de intervir em qualquer país em que surgisse algum movimento revolucionário inspirado no liberalismo democrático.
   A Santa Aliança devia conter os movimentos nacionalistas que surgissem em países que se viram obrigados a aceitar as imposições de Napoleão e, depois, do Congresso de Viena. Como a ordem política determinada pelo Congresso não respeitava as diferenças entre os diversos povos e reinos europeus, estes passaram a lutar por sua autonomia. A Santa Aliança tam,bem se propunha a reprimir os movimentos emancipacionistas.
    O governo inglês se recusou a participar da Santa Aliança porque apoiava os movimentos de independência na América Latina, visando ampliar os mercados consumidores de seus produtos industriais. Desenvolvendo a economia industrial, os ingleses eram defensores do liberalismo e contrários às intervenções militares propostas pelos governos conservadores da Santa Aliança.
   A partir de 1825, a Santa Aliança e o sistema conservador europeu começaram a enfraquecer. Revoluções liberais e nacionalistas irrompiam em várias regiões da Europa, e as grandes potências conservadoras começaram a enfrentar divergências entre si.

Questões

1) O que foi o governo do Diretório e qual o papel de Napoleão Bonaparte nesse contexto político?

 Depois que Robespierre foi tirado do poder, a nova orientação política elaborou outra constituição para a França que estabelecia a continuidade do regime republicano, que seria controlado pelo Diretório, composto de cinco elementos eleitos pelo Legislativo. Napoleão adquiriu prestígio por seu desempenho na repressão de rebeliões contra o governo e com o apoio de burguesia e do exército, deflagrou o golpe.

2) Em quais aspectos de seu governo Napoleão seguiu os princípios da Revolução Francesa?

Os princípios da Revolução Francesa eram liberdade, igualdade e fraternidade; porém no governo de Napoleão não notamos em nenhum aspecto esses princípios, uma vez que todos eles eram sufocados por meio de severa censura à imprensa e da ação violenta dos órgãos policiais.

3)Quais foram as principais características de Império Napoleônico?

O Império napoleônico foi caracterizado como um império monárquico.
Napoleão I , o imperador, nomeou vários nobres e familiares para altos cargos públicos. Houve a formação de uma nova corte com os membros da elite militar, da alta burguesia e da alta nobreza.
Foi nesse período em que o Império Francês atingiu sua extensão, dominando quase toda Europa Ocidental e boa parte da Oriental.
Como Napoleão I também era comandante das forças armadas, investiu em armas e soldados, tornando o seu exército o mais poderoso da Europa, e com isso foram travadas uma série de guerras para expandir o domínio Francês.

4) Quais os motivos do enfraquecimento de Napoleão e da queda de seu império?

 Napoleão, com sua política expansionista, estava tirando muitos homens de suas famílias e trabalhos para guerrear, e grande parte deles morria nos campos de batalha, o que gerava muita indignação por parte dos familiares. Fora da França, as invasões napoleônicas despertavam a reação nacionalista dos povos conquistados. O Bloqueio Continental não teve o efeito desejado. Tudo piorou depois da derrota para a Rússia, que foi quando um poderoso exército formado por ingleses, austríacos, russos e prussianos invadiu Paris e Napoleão foi derrubado do poder.

5) O que foi o Congresso de Viena e qual o objetivo da Santa Aliança?

 Com as derrotas militares de Napoleão, os dirigentes dos países vencedores organizaram o Congresso de Viena, cujo objetivo básico era restabelecer a antiga divisão política do continente europeu, pois as conquistas napoleônicas modificaram a divisão política de quase toda a Europa Ocidental e Central.
 O objetivo da Santa Aliança era que os países participantes se defendessem mutuamente. Eles assumiram o direito de intervir em qualquer país no qual surgisse algum movimento revolucionário inspirado no liberalismo democrático. A Santa Aliança deveria conter os movimentos nacionalistas que surgisse em países que se viram obrigados a aceitar as imposições de Napoleão e, depois, do Congresso de Viena. E, também, se propunha a reprimir os movimentos emancipacionistas. 

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