sábado, 1 de outubro de 2011

Grande Medo

Grande Medo é o nome dado aos acontecimentos ocorridos logo no início da Revolução Francesa de 1789, mais precisamente, de 20 de julho até 5 de agosto de 1789. Seu início está ligado aos resultados deficitários da agricultura local naquele período de grande confusão e incerteza. Milícias rurais guardavam a colheita no campo já que a autoridade do antigo regime havia sido implodida. Em tal cenário de desinformação, os rumores predominam, e a população em geral é levada a crer que hordas de bandidos armados estavam prestes a invadir as cidades. Os camponeses então pegam em armas para reagir à alegada ameaça e iniciam ataques a vários solares (tipo de casa grande rural francesa). Mesmo assim, continuavam os rumores, sendo um de que uma força estrangeira havia invadido a França e queimado as colheitas; outro dava conta de que bandidos queimavam casas em vários vilarejos.
Com toda essa desorganização grassando o meio rural, a 4 de Agosto o governo provisório francês decreta o fim do regime feudal na França, em boa parte devido ao medo de que a instabilidade no interior fizesse a já precária situação econômica, política e social da França se agravasse ainda mais.
As revoltas ocorridas na época tinham não só causas econômicas, mas políticas, e que datavam de acontecimentos bem anteriores, especialmente das secas que atingiram a região e pelas condições precárias de vida, mera repetição do que acontecia nas empobrecidas cidades do reino. Desde a época do ministro das finanças Jacques Necker, do então rei Luís XVI, avisos de possíveis rebeliões gerais no campesinato eram previstas, e o ambiente de anarquia estava apenas à espera de um acontecimento mais drástico para estourar. Os camponeses armam-se cada vez mais e o pânico inicia-se na região de Franche-Comté, logo se transformando no “Grande Peur” (Grande Medo, em francês), à medida que as cidades vizinhas daquelas atacadas tomavam os camponeses armados e descontentes por forças invasoras.
Apesar de popularmente associado a camponeses, o Grande Medo foi obra também de todos os outros integrantes do tecido social francês, inclusive nobres empobrecidos. Aparentemente a classe burguesa teria, assim como o baixo campesinato, muito a lucrar com o desmantelamento do regime feudal então em voga.
O Grande Medo ajuda também a explicar em boa parte o porquê da nobreza e do clero francês terem se desfeito de seus antigos privilégios feudais na noite do 4 de agosto, além de fazer valer perante a Assembleia Nacional Constituinte que se formava, a abolição definitiva dos costumes feudais, ante o total descontentamento da antiga nobreza.

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