Grande Medo é o nome dado aos acontecimentos ocorridos logo no início da Revolução Francesa
de 1789, mais precisamente, de 20 de julho até 5 de agosto de 1789. Seu
início está ligado aos resultados deficitários da agricultura local
naquele período de grande confusão e incerteza. Milícias rurais
guardavam a colheita no campo já que a autoridade do antigo regime
havia sido implodida. Em tal cenário de desinformação, os rumores
predominam, e a população em geral é levada a crer que hordas de
bandidos armados estavam prestes a invadir as cidades. Os camponeses
então pegam em armas para reagir à alegada ameaça e iniciam ataques a
vários solares (tipo de casa grande rural francesa). Mesmo assim,
continuavam os rumores, sendo um de que uma força estrangeira havia
invadido a França e queimado as colheitas; outro dava conta de que
bandidos queimavam casas em vários vilarejos.
Com toda essa desorganização grassando o meio rural, a 4 de Agosto o governo provisório francês decreta o fim do regime feudal
na França, em boa parte devido ao medo de que a instabilidade no
interior fizesse a já precária situação econômica, política e social da
França se agravasse ainda mais.
As
revoltas ocorridas na época tinham não só causas econômicas, mas
políticas, e que datavam de acontecimentos bem anteriores, especialmente
das secas que atingiram a região e pelas condições precárias de vida,
mera repetição do que acontecia nas empobrecidas cidades do reino. Desde
a época do ministro das finanças Jacques Necker, do então rei Luís
XVI, avisos de possíveis rebeliões gerais no campesinato eram previstas,
e o ambiente de anarquia estava apenas à espera de um acontecimento
mais drástico para estourar. Os camponeses armam-se cada vez mais e o
pânico inicia-se na região de Franche-Comté, logo se transformando no
“Grande Peur” (Grande Medo, em francês), à medida que as cidades
vizinhas daquelas atacadas tomavam os camponeses armados e descontentes
por forças invasoras.
Apesar de popularmente associado a camponeses, o Grande Medo foi obra
também de todos os outros integrantes do tecido social francês,
inclusive nobres empobrecidos. Aparentemente a classe burguesa teria,
assim como o baixo campesinato, muito a lucrar com o desmantelamento do
regime feudal então em voga.
O Grande Medo ajuda também a explicar em boa parte o porquê da
nobreza e do clero francês terem se desfeito de seus antigos privilégios
feudais na noite do 4 de agosto, além de fazer valer perante a
Assembleia Nacional Constituinte que se formava, a abolição definitiva
dos costumes feudais, ante o total descontentamento da antiga nobreza.
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