sábado, 1 de outubro de 2011

Psicologia

Carater

O caráter  de um indivíduo é o seu modo de ser, suas características próprias, seu temperamento. Ele é um traço da personalidade, que diz respeito à maneira usual de cada um agir. Este grupo de atributos, bons ou ruins, compõe o comportamento e os valores morais das pessoas, resultantes de um processo evolutivo do sujeito, de seu convívio com a família, a escola, a sociedade  como um todo. Nossas qualidades e defeitos são inerentes ao nosso caráter. O homem está presente, sem máscaras, em seus pensamentos. Estes resumem o ser, e assim definem o caráter de um indivíduo. Os aspectos positivos deste componente fundamental da personalidade são conquistas lentas e graduais, envolvendo firmeza de propósitos, determinação, coragem e um esforço persistente. O conhecimento de nosso potencial e de nossas fraquezas muito contribui para esta edificação do caráter, que envolve sem dúvida a transformação dos pensamentos, ou seja, a sua depuração. As sombras que habitam a alma do homem também foram em algum momento semeadas por ele, através das criações mentais. Percebe-se, então, que o indivíduo é uma construção de si mesmo, ele forja seu próprio eu, na intimidade dos seus pensamentos. Entre o ser quase perfeito e os seres instintivos, próximos da animalidade, encontram-se os mais variados graus de caráter.
Embora o ambiente em que o indivíduo vive seja muito importante, o homem traz em si seu caráter desde o momento do nascimento. Ele pertence ao próprio espírito, os padrões educativos interferem apenas nas escolhas do sujeito, mas mesmo estas se guiam principalmente pelo caráter. Quando este se revela forte, por exemplo, a pessoa se encontra sempre em estado de prontidão, há uma luz vermelha constantemente piscando diante dos caminhos que se apresentam diante dela, por mais que eles aparentem ser os mais adequados neste instante. Uma vez que pertence essencialmente ao homem, o caráter é algo que não se aprende, nem se obtém. Educação e cultura assessoram o sujeito nas suas tomadas de decisão na vida, mas ambas sofrem mutação ao longo do tempo, enquanto o caráter, em última instância, é o diferencial no momento crucial da escolha.
Experiência, autoconhecimento, educação, formação familiar, são alguns dos instrumentos de que o homem se vale para modelar seu caráter. É algo como uma semeadura, que um dia redundará em uma colheita, e os frutos serão proporcionais às sementes cultivadas. É necessária neste processo a paciência do bom lavrador, a sabedoria de alguém que sabe ser imprescindível conhecer e obedecer as leis da Natureza, cuidando para não violá-las, impedindo então o aborto dos resultados do cultivo. Assim se lapida o caráter, aprendendo com os erros e quedas do caminho, com perseverança e determinação.



Ciúme

 O ciúme é um sentimento bem conhecido de todos. Quem nunca o experimentou ao longo da vida? Isto significa que ele é uma emoção bem comum, conferindo até um certo sabor ao relacionamento afetivo. Alguns afirmam inclusive que ele mantém a chama da paixão acesa. E também, como o medo, é uma espécie de antena que nos alerta quanto à presença ou ausência do amor na relação, portanto indica a proximidade ou não de um certo perigo para a interação entre os parceiros.
Mas, ao ultrapassar determinadas fronteiras, ele se torna nocivo e patológico, causando profundos danos ao relacionamento. Ciúme, em francês, se traduz por ‘jalousie’, expressão da qual se originou a palavra ‘gelosia’, que há tempos atrás denotava o termo ‘janela’. Conta-se que alguns maridos, com ciúmes de suas esposas, importaram para suas residências persianas ou venezianas, para que elas ficassem ocultas dos olhares alheios e ao mesmo tempo pudessem acompanhar os acontecimentos externos – esta é a opinião do Professor Doutor em Literatura Dionísio da Silva.
Este sentimento envolve geralmente três pessoas – o ciumento, o objeto do ciúme e o agente que o provocou. Neste complexo triângulo amoroso, as sensações de perda e de ameaça levam à eclosão desta emoção que pode se tornar altamente explosiva. De certa forma, pode-se dizer que ele está presente nos instintos humanos, mas em excesso demonstra que a pessoa não está conseguindo controlar bem seus impulsos. Ele também envolve uma outra questão, a da confiança, que nos remete a outro ponto importante, o da segurança.
Quando o indivíduo não consegue desenvolver o suficiente sua auto-estima, sente-se inferior ao outro e, portanto, está constantemente inseguro. Ele mesmo se compara às outras pessoas, e inconscientemente sente-se derrotado nesta comparação. Assim, está sempre em estado de alerta nesta persistente competição que ele mesmo engendrou. É natural então que ele comece a ver fantasmas onde eles não existem, e acabe transformando seu medo de perder o ser amado em uma terrível obsessão.
Desta forma, acaba afastando o outro, o que o deixa ainda mais inseguro, ciumento e obsessivo, criando uma espécie de círculo vicioso neste relacionamento fadado ao fracasso. Desesperado, o parceiro passa a controlar e limitar mais a vida da outra pessoa, restringindo sua liberdade, bombardeando-a com acusações muitas vezes sem nenhum fundamento, sufocando a tal ponto o ser amado que a relação amorosa acaba desmoronando de vez. Este ciúme patológico gera no seu portador uma intensa carga de ressentimento, mágoa e, algumas vezes, um desejo doentio de vingança, o que, infelizmente, pode provocar os famosos crimes passionais.
É o que se vê retratado na famosa tragédia de Shakespeare, “Otelo- O Mouro de Veneza”. Nesta obra, enlouquecido de ciúme de sua amada Desdêmona, a qual ele acredita traí-lo com seu melhor amigo, Otelo, sem conseguir submeter seus impulsos à razão, o que o impede de perceber a inocência da esposa, cede aos seus instintos e a mata. No dia-a-dia vemos esta mesma história se repetir sem cessar. Este sentimento é deveras democrático, pois qualquer pessoa, independente de raça, sexo, etnia ou classe social, está sujeito a ele. Ele só desaparecerá quando o Homem aprender realmente a amar, o que implica aprender que ninguém é dono de ninguém, pois o outro é livre, e assim somente os laços do amor podem mantê-lo ao nosso lado. Portanto, apenas ao curar as dores da alma, entre elas o medo, a falta de confiança em si mesmo e no outro, a insegurança, entre outras, é que este monstro devorador das relações afetivas será vencido.
 

 

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